Grants house - LA

Deitei-me mais confortavelmente ao seu lado e mordi o lábio suspirando baixinho.
-Eu confio em ti - disse levantando a camisola que ela tinha vestido e passei a mão pela sua barriginha.

Assenti com a cabeça ao que ele disse e arqueei ligeiramente as costas para que me pudesse subir a camisola.
- Ela já é maluca por ti.- disse baixinho. A verdade era que se a nossa filha já se mexia sempre que Kyle estava por perto, eu nem queria imaginar como seria quando ela estivesse connosco.

-Eu também sou maluco por ela - sorri beijando-lhe a barriga com um meio sorriso e estremeci quando Wild abriu a porta do nosso quarto todo irritado e depois nos olhou todo alarmado.
-Des...Desc... Desculpem - disse mas depois olhou para mim - Anda cá já antes que eu te mate.

Sorri com o que disse e levei as mãos ao seu cabelo, fazendo-lhe festinhas enquanto ele me dava beijinhos pela barriga. Abri os olhos de repente e levantei a cabeça, vendo Wild entrar no nosso quarto. Comecei a sentar-me devagarinho e baixei a camisola, engolindo em seco com a forma como ele falara para Kyle.
- Porque é que estás assim com ele? - perguntei baixinho.- o que é que se passa? - eles não podiam dizer que não era nada, eu sabia que era alguma coisa.

Provavelmente Wild já sabia.
-Desculpa Abbie - disse ele baixinho e eu levantei-me dando-lhe um beijo nos lábios, puxando Wild para fora do meu quarto e descendo escadas até irmos para a rua. - O que é que foi?
-O que é que foi Kyle? - perguntou ele abanando a cabeça.
-Tu tens uma filha que vai nascer daqui a pouco tempo e vais pôr-te numa guerra? - perguntou-me. Cerrei o maxilar, não precisava que nnguém me lembrasse disso.
-Não hei-de ser o único - apenas respondi e ele fez um ar chocado, como se eu lhe tivesse batido.
-Acorda para a vida - disse indo embora e eu abanei a cabeça passando as mãos pelo cabelo.

Fiquei a olhar para Wild com cara de parva e quando eles saíram, levantei-me de impulso, só parando junto da porta. Não, eu não podia aparecer de repente. Passei as mãos pela cara, soltando um guinchinho e voltei depois para a cama, sentando-me de pernas à chinês, controlando a minha vontade de sair daquele quarto e obrigá-los a dizerem-me o que se passava. Passei uma mão pela minha barriga e engoli em seco, olhando para a mesma.
- Porque é que o teu pai não fala comigo? - suspirei baixinho.

Antes de abrir a porta do quarto engoli em seco e respirei fundo, depois fechei-a e olhei para Abbie que estava super tensa e aposto que já desconfiava de certas coisas.
-Precisamos de falar - disse baixinho. - E tu não vais gostar.

Levantei a cabeça de repente e o meu coração disparou mal o vi entrar no quarto. Levantei-me de repente, pronta para lhe perguntar o que se passava, mas ele começou a falar de repente. Precisamos de falar. As três palavras que eu mais temia. Deixei-me cair de novo na cama, de olhos postos nele.
- O que é que se passa..? - perguntei baixinho, completamente a tremer.

Fui calmamente até à cama e sentei-me ao seu lado passando a mão pela sua barriga, com o meu coração a saltitar. Eu ia magoa-la e sabia disso, mas era mais forte que eu.
-Eu fiz uma promessa, tu cumpres promessas não cumpres? - perguntei baixinho. - Eu sei que cumpres - não deixei que ela continuasse e baixei o meu olhar para as suas mãos - Prometi que acabava com eles - engoli em seco - eles andam atrás de mim e isso põe em causa tudo - levei a mão à sua boca quando a imaginei a começar a desconfiar da verdade. - deixa-me falar.

Eu já sentia as lágrimas arderem-me nos olhos e ele ainda nem tinha começado. Sentei-me virada para ele quando também se veio sentar na cama e a nossa bebé começou a mexer mal Kyle lhe tocou. O meu queixo tremeu mal a sua voz soou, mas eu fiz um esforço para o travar, não podia ser nada do que eu estava a pensar não podia. Promessas. Eu já conhecia aquela conversa, não era a primeira vez que falávamos em promessas. Não. Não. Não podia. Abanei muito a cabeça mas a sua mão impediu-me de falar. Sustive a respiração durante uns segundos e quando fechei os olhos, elas escorreram.

-Tem calma Abbie - pedi respirando fundo e virei a cara, não ia conseguir falar se ela estivesse assim. - Eu não te vou deixar - disse deitando-me ao seu lado e puxando-a para se encostar a mim - mas se eu quero que a nossa filha não corra perigo enquanto brinca num parque, ou até quando for mais velha não seja raptada e sabesse lá mais o quê, eu tenho que parar isto. - fiquei a olha-la durante uns segundos - E eu fiz uma promessa ao meu pai - repeti baixinho - diz que me compreendes. - encostei a cabeça à dela não sabendo bem como ela estava a reagir - eu só vos quero bem.

Ele ia embora, outra vez, ele ia desaparecer de novo. Calei um soluço quando me deitou a seu lado e fixei o meu olhar no seu peito, não o subindo para a sua cara.
- Nós vamos ter uma filha Kyle.- a minha voz soou rouca, mas eu tossi, para a tentar clarear.- ela está prestes a nascer, e tu queres ir para a guerra? - faltava muito pouco para o coração me saltar do peito, muito pouco mesmo.- e se não voltares? E se...- abanei a cabeça, passando uma mão pelas minhas bochechas.- eu não sei viver sem ti, e recuso-me a aprender a fazê-lo.- funguei.- eu compreendo que queiras vingar a morte do teu pai, mas nós vamos ter uma bebé. Uma bebé Kyle.

Baixei o olhar quando começou a falar, já não conseguia ver nada que não fosse turvo, mas mesmo assim aguentei-me bem.
-E é por ela que eu estou a fazer isto Abbie, por ela e por ti, não percebes que estão atrás de mim? - perguntei - e isto de me ter metido na moda só piorou, eles podem estar cada vez mais perto - puxei o seu queixo para que ela me olhasse e tentasse compreender- eu quero estar descansado quando ela nascer, não quero viver com medo de perder a minha filha por causa desta merda.

Abanei a cabeça enquanto o ouvia falar. Isto não podia estar a acontecer, não agora, não depois de tudo. Passei uma mão pelas bochechas e voltei a baixar o olhar mesmo depois de ele mo subir.
- Já sei que nada te vai tirar isso da cabeça.- funguei.- por mais que te peça para ficares ou para mudares de ideias, eu sei que isso não vai acontecer.- encolhi os ombros.- por isso, se é isso que queres, faz o que entenderes.- mordi o lábio com força.

Larguei-a quando percebi que ela não me compreendia minimamente e afastei-me, levantando-me.
-Pensava que ias perceber nem que fosse um bocado - fiz uns gestos estranhos por estar a ficar irritado comigo próprio e abanei a cabeça saindo do meu quarto.

Senti o meu coração apertar-se quando se afastou e passei as mãos pelas bochechas molhadas de novo. Por um lado eu percebia, juro que sim, mas por outro...íamos ser pais. Sentei-me na cama e olhei para a porta entreaberta.
- Eu consigo perceber-te.- falei, sem ter a certeza se ele ainda estava ali.- mas também preciso que me percebas a mim.- funguei.- foi o pior mês da minha vida, mas desta vez tenho um bebé comigo.- disse já mais baixinho por causa das lágrimas.

Quando a voltei a ouvir a falar encostei-me a uma parede e passei as mãos pelo cabelo abanando a cabeça. Voltei a afastar-me para ir até ao quarto fechando a porta atrás de mim.
-E pensas que a mim não me custa?

Subi o olhar quando o vi entrar no quarto de novo e percebi que me tinha ouvido. Agarrei-me a uma almofada e voltei a limpar as bochechas, olhando para ele.
- Eu sei que custa.- confessei baixinho. Era óbvio que custava.-só não me faças perder-te.- fechei os olhos com força, começando a soluçar.- porque eu não consigo.

Cerrei o maxilar quando ela começou a soluçar novamente. Detestava que chorasse por minha causa. Engoli em seco e fui ter com ela novamente beijando-lhe a testa.
-Se não fui nas outras, não vou ser nesta - disse passando a mão pela sua barriga. - desculpa, só quero que ela cresça bem - disse baixinho.

Não me impedi de me chegar para ele quando veio para ao pé de mim e encostei-me ao seu peito, tentando parar de chorar.
- Eu também quero o melhor para ela, sabes que sim.- sussurrei.- por isso promete, promete que voltas para ao pé de nós.

Assenti com a cabeça devagarinho e beijei-lhe a testa do mesmo modo.
-Prometo - murmurei apertando-a contra mim - prometo vir antes que ela nasça - prometi baixinho - mas promete que te vais cuidar. Abbie, não és só tu agora.

Procurei esconder a minha cara no seu pescoço e fiquei a ouvi-lo, assentindo ao que me disse com a cabeça.
- Sim, eu sei, eu prometo.- murmurei baixinho.

Passei a mão pela sua cabeça sorrindo levemente por ter dito aquilo e assenti. Podia ter sido pior tenho que admitir. Encostei a cabeça à sua e agora sentia-me calmo demais; por não ter dormido nada de noite rapidamente adormeci.

Suspirei baixinho quando se encostou a mim e fiquei a fazer-lhe festinhas no cabelo, sentindo-o adormecer pouco depois. Estiquei-me para as mantas, tapando-o e passei a mão pelo seu cabelo mais um vez, ficando a vê-lo dormir durante um bocadinho. Não tinha sono, aquele notícia tinha-mo tirado por completo. Soltei um longo suspiro e levantei-me, tendo cuidado para não o acordar. Ajeitei a sua camisola que tinha vestida e saí do quarto, descendo até à sala onde vi Claire sentada no sofá com Fred.
- Mana! - Claire sorriu-me, batendo com a mãozinha no sofá para que me fosse sentar ao lado dela e quando o fiz, ela olhou-me com atenção.- o que se passa? - perguntou com uma carinha preocupada. Apenas abanei a cabeça e deitei-a no seu colo.
- Quero miminhos.

Eu sabia o que estava a acontecer, estava a ter um pesadelo e por mais que quisesse sair dele não conseguia. Tentei fazer força, beliscar-me, fiz de tudo mas nada. Apesar de saber que estava a sonhar, não conseguia evitar de sentir todos os sentimentos outra vez, era mesmo como se fosse real. Estava perdido.
Ouvi um grito que fez o meu coração saltar e olhei para trás.
-Charlotte - murmurei começando a correr na direcção dela. Eu conhecia este sonho. -Não, não - abanei a cabeça enfiando as mãos nas suas feridas para tentar estacar o sangue. - Vá lá não, outra vez não - murmurei sendo arrastado nem sei bem para onde, de repente ficou tudo preto, demasiado preto, era impossivel haver preto mais preto. Depois? Depois foi a pior coisa que podia existir. Em vez de ser Charlotte naquele corpo, havia Abbie e a minha filha.
-Não - berrei com todas as minhas forças agarrando no seu corpo e debruçando-me sobre elas. - Não, não, não, não - disse baixinho, tão baixinho que acho que ninguém ouviu. - a culpa é min...
Gemi baixinho quando senti uma dor na costela e só quando me sentei é que percebi que tinha acordado. Abri ligeiramente a boca olhando para os lados e arrastei-me para me levantar. Estava a morrer de sede precisava de beber alguma coisa. Engoli em seco e desci as escadas agarrado a corrimão vendo Abbie os miúdos na sala, mas não parei e fui até à cozinha.