Beth's house

Eu sentia-me feliz por poder proporcionar isto a Max, nunca o tinha visto com um sorriso tão grande. Olhei para Leo quando Max disse que ele lhe tinha ensinado o abcedário e sorri-lhe, voltando depois a olhar para o pirralho.
- Então escreve lá aqui na folha, sabes?

O meu irmão agarrou no lápis fazendo uma careta, por não saber como o devia agarrar e depois olhou para a folha. Ele não estava habituado àquilo, eu tinha-lhe ensinado com um pau e na areia molhada da praia, ele adorava ir à praia só para aprender aquilo. Ele olhou-me meio sem saber o que fazer e eu sorri-lhe, fazendo com que ele escrevesse um "a" um bocadinho mal feito e tremido na folha de papel, segundo-se dos outros.

Puxei a mesa mais para nós e sorri ao ver Max todo atrapalhado a agarrar, ou a tentar agarrar no lápis. Ia ajudá-lo, mas bastou ele olhar para Leo para começar a escrever.
- Quando terminares.- toquei-lhe na bochechinha.- vais dizê-las em voz alta, pode ser? - sorri levemente.- e depois vamos juntá-las.

Suspirei passando a mão pela cabeça e apoei a mesma sobre ela enquanto o olhava. - Eu não sei fazer o z como o Leo faz - lamentou-se com um suspiro e eu fechei os olhos forçando um sorriso. Quando os abri de novo levantei-me, agarrando-me à mesa.
-Vou à casa de banho. - olhei para Beth e dei-lhe um beijo na testa para que ela não se preocupasse.

- Então espera, eu ajudo-te.- murmurei a Max e agarrei na sua mãozinha, fazendo com que continuasse a agarrar no lápis e escrevi um z, para que ele visse como se fazia.- viste? É assim.- sorri-lhe.- olha tenta.- desviei o olhar para Leo e fiquei a olhá-lo com atenção. Eu nunca sabia muito bem quando é que ele se estava a sentir mal, tinha de tomar muita atenção.- precisas de alguma coisa? - perguntei ao mesmo tempo que sentia o seu beijinho e acariciei-lhe o pescoço.

Olhei Beth quando me perguntou se estava bem e assenti com a cabeça olhando para o meu irmão que estava mais entretido a fazer os zs. Ao entrar na casa de banho, sentei-me no chão, ou melhor deixei-me cair, com cara junto à parte fria da parede, eu ainda ia adivinhar o que isto era.

*Max*
Sorri orgulhoso de mim próprio quando consegui fazer o z bem feito e voltei a olhar para Beth - quando é que podemos juntar as letras?

Sorri quando Max conseguiu fazer o z como devia de ser e dei-lhe um beijinho no cabelinho loiro, endireitando-me.
- Agora.- respondi-lhe.- vamos juntar as consoantes com as vogais.- olhei-o e antes que ele me dissesse que não sabia o que era, eu peguei num lápis, juntando o A, E, I, O, U num círculo e as restantes letras noutro.- estas são as vogais.- apontei para o primeiro círculo.- e estas as consoantes.- apontei para o outro.

*Max*

Fiquei muito atento à explicação da Beth e assenti com a cabeça - o Leo ensinou-me isso, mas mais - saltei na cadeira esticando-me sobre a mesa - eu não sei os números, eu acho que ele não é muito bom com contas- lamentei-me baixinho rindo-me de seguida

*Leo*

Tentei respirar convenientemente, porque era o que custava mais e estiquei-me até me agarrar ao lavatório, passando a cara por água enquanto olhava o espelho.

Ri-me por Max estar todo irrequieto e fiz-lhe uma festinha na bochecha enquanto o ouvia falar.
- Então já sei o que vamos fazer.- até eu estava entusiasmada.- vou ensinar-te os números e depois vamos escrever por extenso cada um deles, o que te parece? - olhei-o.- ou preferes juntar as letras primeiro?

-Sim - guinchei assentindo com a cabeça - eu quero fazer isso - estiquei-me para o lápis - ajuda-me - sorri, finalmente ia aprender a fazer uma coisa.

*Leo*

Apoiei-me na bancada e fechei os olhos continuando a respirar sempre fundo, tinha que me manter regular e já estava a começar a ficar melhor. Sorri levemente para mim mesmo por não ter entrado em pânico e preparei-me para abrir a porta, saindo da casa de banho.

Arregalei os olhos com o guincho de Max, mas acabei por me rir, ele era um pirralho adorável, já não sei quantas vezes tinha dito isto.
- Eu ajudo.- pousei a minha mão sobre a sua e fiz com que desenhase um 1.- isto é um um.- levantei o indicador para que ele visse.- agora eu vou escrever e depois tu copias o que eu escrevi por baixo, pode ser? - peguei no outro lápis e escrevi ''um'' debaixo do número.- agora és tu.- sorri.

Fechei a porta da casa de banho e esforcei-me para andar direito, Max estava debruçado sobre a mesa a olhar atentamente para o que Beth estava a falar. Sentei-me pesadamente sobre o sofá e apenas não me deitei porque tinha a sensação que ia ficar mal. - Como é que ele se está a portar?

Olhei para trás quando ouvi a porta da casa de banho bater e sorri a Leo, voltando depois a concentrar o meu olhar em Max.
- Está a portar-se bem.- sorri.- Max, mostra ao Leo o que já fizemos.- toquei-lhe nas costas para que me desse atenção.

Max levantou a cabeça quando Beth lhe tocou nas costas e sorri agarrando na folha e vindo mostrar-me. Agarrei-me à almofada que estava em cima do sofá e estiquei braço até à folha, sorrindo enquanto via o que eles estiveram a fazer. - Já aprendeste muito? - perguntei-lhe
-Muito - deu pulinhos agarrando-se a mim.

Recostei-me, colocando uma almofada atrás das costas e fiquei a seguir Max com o olhar, sorrindo por vê-lo tão feliz. Finalmente estava a fazer uma coisa boa por alguém.
- Estou a ensinar-lhe os números agora.- olhei para Leo, sorrindo marota.- ele contou-me que não és muito bom com os números.- brinquei.- não é Max?

Ri-me com o que Max contou de mim a Beth - É, ele não sabe explicar nada bem -queixou-se num pequeno resmungo. Eu revirei os olhos e toquei com um pé na sua perna.
-Eu não sou bom em nada - admiti, encolhendo ligeiramente os ombros.

Fiquei mais séria quando Max disse que Leo não sabia explicar e olhei para ele, abanando a cabeça.
- És sim.- disse em forma de resmungo e levantei-me, indo para ao pé deles. Sentei-me ao lado de Leo e encostei a cabeça no seu ombro.- és bom a dar-nos miminhos.- sorri levemente.

Olhei-a quando se veio sentar ao meu lado e sorri um bocadinho com o que ela disse, vendo Max assentir com a cabeça meio pensativo.
-Isso chega? - perguntei num tom baixo, encostando a cabeça à dela. Olhei para o meu irmão com um suspiro - vai procurar o gatinho - disse-lhe - já voltas ao número - ele assentiu, apesar de contrariado e eu olhei para Beth.

Estiquei um braço para tocar no narizinho de Max, que estava todo pensativo com o que eu tinha dito e abracei-me depois à cintura de Leo.
- Tu és bom em mais coisas.- disse enquanto via Max ir embora.- algumas delas não posso dizê-las à frente do teu irmão.- ri-me baixinho, meio marota.- mas és bom a dar-nos miminhos e és bom a cuidar do teu irmão, por exemplo.- dei-lhe um beijinho no maxilar.

Respirei fundo quando o vi sair e encostei-me a Beth, de olhos fechados, já estava a começar a melhorar a recuperar o fôlego tudo. Agarrei-lhe numa mão, entrelaçando os nossos dedos e sorri com o que ela disse - achas? - perguntei -achas que sou bom com ele?

Levantei uma sobrancelha quando vi o seu peito subir e descer meio descompassado e olhei para ele, tentando decifrar se se passava alguma coisa.
- Está tudo bem? - perguntei preocupada e sorri com a sua pergunta, levando as nossas mãos unidas à boca e beijando as costas das suas.- claro que acho, já viste como ele te adora e é feliz contigo? Claro que és bom com ele.

Olhei para Beth quando me perguntou se estava bem e hesitei a responder, acabando por assentir com a cabeça - sim, eu estou bem - garanti, não estava para morrer como já tinha estado, pelo menos isso. Sorri levemente com o que ela disse e encolhi os ombros - mas ele pode estar feliz comigo e estar mal criado.

Assenti não muito convencida quando me disse que estava bem e continuei a olhar para ele, abanando depois a cabeça.
- Mas não é o caso.- disse.- ele está feliz, muito feliz, e bem criado.- assegurei.- ele é adorável Leo, podia ser um rapaz rude e revoltado, mas é adorável e graças a ti, ele sabe defender-se. Podes pensar que não, mas ensinaste-lhe muito. - beijei-lhe a bochecha.

Levantei a cabeça para a olhar de novo e sorri um bocadinho com o que ela disse, eu juro que depois do que ela disse podia morrer em paz, é claro que não ia morrar, nem queria. Não ia pois não?
-Ele sabe defender-se - assenti com a cabeça. O meu irmão parecia a coisa mais vulnerável do mundo mas sabia como lutar. - ainda bem que achas isso dele.

Olhei-o, sorrindo tal como ele me fazia e dei-lhe um beijinho na pontinha do nariz, chegando-me mais para ele.
- Estás a fazer um bom trabalho com ele.- assenti, passando uma mão pelo seu peito.- acredita que eu sei do que falo.- sorri e rocei o meu nariz no seu pescoço, dando-lhe lá um beijinho.