Grants house - LA

Tentei ter o máximo quando chegou a parte de descer as escadas e suspirei baixinho. Tinha medo que fosse cedo demais para ele sair do hospital, tinha medo que ele não ficasse bom se fôssemos para casa. Mas não ia dizer nada, eu sabia como ele odiava estar ali. Subi o olhar para e mordi o lábio com força.
- Eu também tive saudades tuas.- sorri ligeiramente mas logo fiquei mais séria quando falou naquela noite. Mordi a parte de dentro da minha bochecha e assenti.- eu pensei que tinhas ficado chateado.- disse muito baixinho.- mas depois o Wild disse que se tinha passado uma coisa má.- engoli em seco.- fiquei preocupada.

-Eu estou bem - disse assim que percebi que ela estava preocupada. Virei a cara assim que disse que o Wild tinha dito que se tinha passado uma coisa má e apenas assenti vendo a minha mãe abrir a porta ao longe - ajuda-me a sentar - pedi deixando o meu orgulho de parte, estava mesmo com dores, não queria forçar-me a nada, queria ficar bom para agarrar a minha filha nos braços como deve de ser.

Assenti devagarinho quando disse que estava bem e saí do hospital a seu lado, chegando rapidamente ao carro da sua mãe.
- Vais conseguir contar-me o que se passou? - perguntei-lhe baixinho e rapidamente o ajudei a sentar-se com cuidado, assim que me pediu que o fizesse.- tens de ficar bom Kyle, ela está quase a nascer.- mordi o lábio.- fazes tudo o que eu mandar, está bem?

Assim que me sentei, sem lhe responder, coloquei o cinco devegar enquanto a olhava. - Não - sempre que me lembrava do que tinha feito apetecia-me matar-me, só não o fazia porque agora que tinha tudo o que precisava ao meu lado, sentia-me ligeiramente mais feliz, e eles distraiam-me. Tinha tanto nojo de mim próprio... não queria que ela tivesse o mesmo - Eu sei, eu faço.

Coloquei o cinto, sem descolar o meu olhar e engoli em seco quando finalmente me respondeu. Mas o que é que tinha acontecido? Eu sabia que os traumas eram frequentes, mas..ele costumava falar comigo, não conseguia? Acabei apenas por assentir e recostei-me no banco, enquanto brincava com os seus dedos. Não ia insistir, pelo menos não agora.

Engoli em seco quando ela assentiu e assenti de seguida vendo a minha mãe ajudar o meu pai a sentar-se, que suspirou assim que se sentiu mais aliviado, olhando em volta.
-O meu carro - disse ele agarrando-se ao cinto. sorri um bocadinho olhando para a janela e encostei-me mais a Abbie, meio a medo que ela estvesse magoada.

Desviei o olhar para a porta quando ouvi a voz do pai de Kyle e sorri ao de leve. Ainda era estranho vê-lo ali connosco, mas eu já gostava dele. Passei as mãos pela barriga e encostei-me também a Kyle, suspirando baixinho. Rosie mexeu-se dentro de mim e voltou a dar daqueles seus pontapés, o que me fez remexer.

Levantei o olhar, vendo Abbie meio desconfortável e passei a mão pela sua barriga dando-lhe festinhas como se fosse um gatinho - o que é que se passa? - perguntei-lhe baixinho perto do ouvido, ouvindo o carro ligar, o que me fez estremecer com o barulho, mas acabei por deixar passar - está a magoar-tE?

Rosie mexeu-se ainda mais ao sentir as festinhas do pai, mas passado alguns minutos acalmou, ficando quietinha. Eu não conseguia perceber, nunca tinha visto uma coisa assim. Abanei a cabeça e encostei ao banco com um suspiro baixinho.
- Ela às vezes lembra-se de se mexer que nem uma maluquinha.- sorri. Neste momento, imaginava-a toda aninhadinha, a aproveitar os mimos do papá. Algo me dizia que ia ser muito mimada a nossa princesa.- mas não magoa, só faz impressão.- encolhi os ombros.- não precisas de te preocupar, estamos bem agora.

Mordi o lábio quando ela disse que lhe fazia impressão e assenti com a cabeça, passando as mãos pela zona em que normalmente a sentia mexer - Pelo menos ela está a mexer-se agora.- sorri um bocadinho, olhando para o outro lado, para ver finalmente a minha cidade. Mordi o lábio quando vi um poster meu de um lado da rua e abanei a cabeça - não mudou nada aqui - olhei para ela.
-Tu és aquele? - perguntou o meu pai escandalizado e de olhos arregalados.

Fechei os olhos enquanto me deixava ficar a apreciar as suas festinhas e assenti com um sorriso, concordando com o que dizia.
- Sim, prefiro isto do que quando nem sequer a sentia.- engoli em seco e acabei por abrir os olhos, encostando a cabeça ao seu ombro com muito cuidado. Sorri ao ver um poster com uma fotografia dele e apertei ligeiramente a sua mão, rindo-me baixinho.- não está sexy? - olhei para o seu pai, com um sorrisinho.

O meu pai olhou para trás, fazendo uma careta por causa do pescoço. Mesmo quando depois de achar que ele tinha morrido o pior medo que eu tinha era que ele não tivesse orgulho em mim, e isso dependia de eu lutar pelo nosso país. Agora, ele tinha acabado de me ver num poster gigante, num dos prédios e neste momento, mesmo agorinha, estava a sorrir. Não conseguia decifrar nada. - Sou - sorri com um encolher de ombros cuidado e virei a cabeça para o outro lado quando vi a minha casa. Abanei a cabeça não me importando com as dores - o que é que ele está ali a fazer? - perguntei cerrando os punhos e abrindo a porta assim que o carro parou, indo disparado, um bocado a cambalear, na direcção de Jace.

A nossa vida estava finalmente a compor-se, o pai dele estava de volta, ele estava de volta e nossa bebé estava prestes a nascer. Só faltava mesmo isso. Sorri levemente com o sorriso do seu pai e dei um beijinho no maxilar de Kyle, levantando depois a cabeça quando senti o carro abrandar. Arregalei os olhos assim que senti todos os músculos do corpo de Kyle contraírem e segui o seu olhar, sentindo o meu coração disparar quando vi Jace parado em frente à casa.
- Eu não..- não tive tempo de terminar porque Kyle saiu disparado do carro, fazendo-me sair atrás dele.- Kyle! - chamei e agarrei-lhe no braço, fazendo-o parar.- tem calma, ouviste o que a médica disse? - suspirei e olhei para Jace, visto que já estávamos praticamente ao pé dele.- o que é que estás aqui a fazer Jace? - suspirei.
- Pelos vistos já não estás sozinha.- apontou com o queixo para Kyle e mostrou um sorriso sem vontade.- eu queria vir pedir-te desculpa.. por ontem.- encolheu os ombros.
- Já pediste, agora vai.- eu não queria mais problemas, tudo menos isso.
- Não podemos pelo menos falar?
- Não é a altura certa para isso, acho que já conseguiste reparar.- mordi a parte de dentro da bochecha.- vai-te embora Jace.

-Mas o que é que tu fazes aqui? - ouvi a minha mãe guinchar enquanto ajudava o meu pai a levantar-se. - Só sabes o caminho de nossa casa? Estás proibido de cá entrar, já avisámos chamar a polícia. - disse ela chegando ao pé de nós. O meu pai olhou-o e ele conseguia meter medo, apesar de não fazer mal a uma mosca, fora de campo de guerra claro. Ignorei aquilo tudo e fiquei apenas a olha-lo, sentindo ser parado só pela mão de Abbie.
-Ela nunca esteve sozinha otário, baza - cerrei o maxilar quando continou a falar e fiquei com o meu corpo congelado assim que o ouvi pedir desculpas por ontem. - Estiveste cá... - olhei para Abbie e abanei a cabeça - tu não me disseste. Eu disse-te que ele vinha, eu avisei-te Abbie. - olhei para Jace e já me conseguia imaginar vermelho, estava a ferver de raiva - por acaso tu achas que dá para falar? Baza de minha casa já, ou eu corro-te à pancada. - ainda era bem capaz disso, estava ali em pé a morrer de dores, conseguia aguentar mais algumas.

Olhei para trás quando ouvi a voz da mãe de Kyle e mordi a parte de dentro da minha bochecha com força. Ainda eu dizia que as coisas se estavam a recompor. Respirei fundo, desviando o meu olhar de novo para Kyle e senti o meu coração apertar-se quando falou para mim.
- Eu não te queria preocupar Kyle..- disse baixinho.- ainda para mais depois daquela nossa conversa.- encolhi os ombros.- não aconteceu nada, mas eu não queria preocupar-te.- suspirei.- não fiques chateado.- pedi no mesmo tom.
- Não aconteceu nada? - a voz de Jace fez-se ouvir de novo.- ao menos eu estive aqui quando te sentiste mal, ao menos eu estive do teu lado.- mas para que é que ele dizia aquelas coisas. Abanei a cabeça e agora, era eu que me começava a irritar.
- Tu foste uma das razões pelas quais eu me senti mal! - gritei-lhe.- e agora vai-te embora Jace, já percebeste que não és bem vindo.
- Eu começo a achar que já não é questão de ser bem vindo ou não.- encolheu os ombros.- acho que começa mesmo a ser medo de não ser suficientemente bom para ti.- olhou Kyle.

Abanei a cabeça com um suspiro, estava demasiado cansado para aquilo - Depois falamos Abbie - desviei o olhar dela para ele. O melhor disto tudo é que só descobria tudo isto por ele. Cerrei o maxilar e fechei os olhos por uns segundos, sentindo uma mão em cima do ombro, que era do meu pai. - Vai-te embora - pedi calmamente, depois de ele dizer que tinha estado com ela quando ela se sentiu mal. Mas como é óbvio ele não foi e quase toda a gente me ignorou. Ele continuou a falar e a dizer merda até que eu fiquei como uma estátua a olha-lo. "Acho que começa mesmo a ser medo de não ser suficientemente bom para ti. " "Acho que começa mesmo a ser medo de não ser suficientemente bom para ti." "Acho que começa mesmo a ser medo de não ser suficientemente bom para ti." "Acho que começa mesmo a ser medo de não ser suficientemente bom para ti."
-Eu vou matar-te - disse com a maior tranquilidade do mundo.
-Não Kyle - a minha mãe tentou apressar-se mas já eu estava a dar um murro bem dado a Jace, era apenas tudo uma questão de sobrevivência.

Se eu já estava nervosa com tudo aquilo, as coisas só pioraram com o que Kyle disse. Eu não queria que ele ficasse chateado comigo, não por causa da Jace, não por causa daquilo. Passei as mãos pelas bochechas molhadas e funguei baixinho, olhando para eles os dois.
- Vai-te embora Jace.- disse já em desespero.- por favor, eu estou a pedir-te, vai-te embora! - gritei, já só ouvindo a voz de Kyle. Eu vou matar-te. Não, não, não, outra vez não. Abanei a cabeça, tentando agarrá-lo, como a sua mãe também o fez, mas já só fui a tempo de sentir mais um dos pontapés de Rose, aqueles pontapés. Soltei um gemido e agarrei-me à barriga, começando a ver tudo à roda.- parem os dois! - ainda fui a tempo de gritar.- parem! - voltei a fazê-lo e agarrei-me não sei bem a quê, tentando não desmaiar. Estava a acontecer de novo.

As minhas dores não eram nada comparado com a raiva e o ódio que senti-a por ele neste momento. Jace estava meio atordoado por causa do primeiro murro que lhe tinha dado e só com isso tinha ficado a deitar sangue do nariz, eu estava em boa forma apesar de estar todo fatiado. Dei-lhe de novo um murro quando ele tentou dar-me um também a mim, mas depois a minha mãe agarrou-me nos num braço puxando-me para trás.
-Pára com isso Kyle, ele não vale a pena - deu-me uma festinha. Afastei a minha cara da sua mão e já só olhei o meu pai que estava a agarrar Abbie. Senti o meu coração apertar-se e comecei a correr na sua direcção, agarrando-me depois à barriga. A adrenalina do costume estava a desaparecer, pelo que daqui a pouco já não me aguentava em pé - Abbie - murmurei passando a mão pela sua bochecha pálida.

Tentei manter os olhos abertos, sentindo uns braços que não os de Kyle a agarrarem-me e respirei fundo, tentando recuperar os sentidos. Estava a andar tudo à roda. Encostei a cabeça ao que me pareceu ser o peito de alguém e fechei os olhos por uns segundos, voltando a gemer quando senti outro pontapé.
- Parem..- pedi baixinho e quando voltei a abrir os olhos, vi Kyle meio desfocado à minha frente. Vá lá Abbie, aguenta.- vamos para dentro..- pedi cada vez mais baixinho, sentindo o meu corpo fraquejar.
- Abbi! - encolhi-me quando ouvi a voz de Jace e abanei a cabeça, ou pelo menos tentei.- Abbi, estás a ouvir-me? Vês o que é que fizeste? - não precisava de o olhar para saber que estava a falar para Kyle. Abanei a cabeça, endireitando-me e respirei fundo, cambaleando até ele, ainda estava meio tonta.
- Desaparece.- tentei esforçar a minha voz, mas ao sentir mais um pontapé, acabei por perder os sentidos.

-Já parámos - murmurei e levantei a cabeça quando vi Jace ao pé dela, a agarra-la. Cerrei o maxilar de novo e abanei a cabeça dando-lhe um murro certeiro que o fez cair para o lado - deixa-a em paz - disse ainda com os dentes cerrados. Consegui ir a tempo de agarrar nela quando começou a descair e abanei a cabeça - temos que ir ao médico - murmurei tentando aguentar, ela não era pesada, eu é que já estava a ficar sem forças.O meu pai veio até mim e ajudou-me.
-Esperem, deixem-na acordar. - falou a minha mãe abrindo a porta para que a levassemos para la.

Não me lembro de mais nada a partir do momento em que Jace me agarrara. Abri os olhos ao fim de algum tempo, ou pelo menos foi o que me pareceu, e pisquei-os, recuperando os sentidos aos poucos. Já não estava na rua, pelo menos já não sentia aquela brisa suave. Remexi-me, olhando em volta, vendo tudo ainda um pouco desfocado e suspirei quando percebi que as dores já não se faziam sentir tanto.
- Kyle..- murmurei tão baixinho que não sei se me fiz ouvir.

Fred estava na escola, o meu pai andava de um lado para o outro sem descansar, ora a cumprimentar pessoas, ora a olhar as horas, estava ansioso. Eu também estava, queria que ela acordasse e isso nunca mais acontecia. Fechei os olhos durante um bocadinho e quando os abri consegui ouvir a sua voz. Coloquei-me de joelhos ao seu lado e passei a mão pela bochecha - Estou aqui - murmurei agarrando-lhe numa mão.

Segui o som da sua voz, e só passados uns minutos é que consegui realmente vê-lo ao meu lado. Apertei ligeiramente a sua mão e soltei um suspiro, passando depois a mão livre pela minha barriga.
- Não te chateies comigo.- sussurrei.- eu só não queria que te preocupasses, eu ia contar-te depois.- assenti.- não fiques chateado, por favor. - engoli em seco.

Abanei a cabeça quando ela pediu para eu não ficar chateado - eu não fico, descansa - passei a mão pela sua barriga sentindo-a toda irrequieta - mas podias ter dito que te sentiste mal... - olhei para a porta - Ele ajudou-te? Quando te estavas a sentir mal? - perguntei olhando os seus olhos.
-Vocês deviam ir os dois lá para cima - a minha mãe apareceu do nada fazendo-me levantar como reflexo. Gemi agarrando na minha barriga e ela arregalou os olhos - desculpa Kyle - pediu dando-lhe uma festinha no braço - não foi por mal. - Abanei a cabeça.
-Não faz mal, vamos lá para cima - olhei para Abbie.

Respirei fundo quando disse que não se ia chatear e suspirei baixinho ao sentir a sua mão na minha barriga. Eu tinha de me manter calma, isto não podia voltar a acontecer, não fazia bem nem a mim, nem a Rose, e eu precisava que ela estivesse bem, estava quase a nascer.
- Não.- abanei a cabeça.- eu senti-me mal depois de estar com ele.- mordi o lábio.- ele não fez nada sem ser piorar as coisas.- soltei um suspiro e levantei-me devagar, arregalando os olhos ao vê-lo levantar-se quase num salto.- tem calma.- murmurei e agarrei no seu braço.- tu devias estar na cama.- engoli em seco.