Beth's house

Abri a porta de forma tão brusca que o próprio médico se assustou.
- Desculpe..- murmurei com um suspiro.- entre.- pedi e dei-lhe espaço para que o fizesse.- ele está na sala.- murmurei e segui-o até lá, vendo-o logo ir ter com Max e Leo.- deixa o doutor ver o teu irmão Max.- pedi ao pequeno e estendi-lhe os braços.

Olhei para o homem que tinha uma mala na mão e para as mãos de Beth, para depois abraçar mais o meu irmão.
-Não. - abanei a cabeça assustado.

Engoli em seco ao ver o estado de Max e levantei-me, aproximando-me dele.
- Está tudo bem.- murmurei, passando uma mão pelo seu cabelo.- tens de deixar o doutor ver o teu irmão para depois ele acordar.- mordi o lábio com força.- eu prometo que vai ficar tudo bem.

Fiquei a olhar para Beth a pensar se devia confiar ou não, eu acreditava nela... sei que ele não gostava, mas não conseguia evitar. Afastei-me do meu irmão e saltei para o chão sentando-me nele. - Tu prometeste - lembrei-a com um suspiro.

Fiz sinal ao médico mal Max se afastou e fui sentar-me a seu lado no chão. Puxei-o para ao pé de mim e dei-lhe um beijinho na cabeça.
- Eu sei, eu prometi.- assenti.

Assenti com a cabeça abraçando-me a Beth e fechando os olhos, o que quer que o médico fosse fazer ao meu irmão, eu não queria ver.

Leo

Gemi baixinho quando senti uma coisa fria em cima de mim e assustei-me quando vi o médico que tinha ajudado Max a auscultar-me. Por momentos pensava que estava num hospital, mas depois percebi que continuava no mesmo sítio.
-O que é que está a fazer? - perguntei tossicando.

Abracei Max, puxando-o para o meu colo e fiquei a fazer-lhe festinhas no cabelo, para que se mantesse calmo. Pousei o queixo sobre a sua cabeça e senti o meu coração disparar quando ouvi a voz de Leo. Ele tinha acordado, ele tinha acordado. Mordi o lábio com um sorriso do tamanho do mundo e coloquei-me direita.
- Tu desmaiaste..- murmurei para ele.- deixa o médico cuidar de ti.- pedi.

-Eu adormeci - disse baixinho quando me lembrei de Max, mas percebi que era tarde demais, ele já estava agarrado a Beth. Fechei os olhos novamente, ainda não tinha melhorado.
-Não preciso de mais nada, nem precisas de exames. - ouvi o médico.

Suspirei quando percebi que provavelmente já tinha feito porcaria, mas eu só queria ajudar...Olhei o médico mal falou e apertei instintivamente Max mais contra mim.
- O que é que ele tem? - perguntei de rajada.

-Não - disse antes que o médico dissesse e ele passou a mão pela minha cabeça, para que eu me acalmasse. Apontei para o Max com um dedo e fechei os olhos. - Eu estou bem, não tenho nada.

Ao início fiquei sem perceber porque é que tinha interrompido o médico, mas quando apontou para Max, tudo fez sentido. Mais uma vez, tinha feito porcaria. Assenti e dei um beijinho na cabeça de Max.
- Tal como eu prometi.- disse só para ele.

-Vai dar uma volta - pedi a Max engolindo em seco, literamente, tinha a boca seca e mal conseguia falar, mas tinha que soar mal para ele. Max olhou-me preocupado e depois olhou Beth - vai lá Max - fechei os olhos e ouvi os seus passos a irem embora.

Olhei para Max quando Leo lhe pediu que fosse dar uma volta e larguei-o, ajudando-o a levantar-se.
- Eu já vou ter contigo.- disse baixinho e levantei-me, indo sentar-me depois na pontinha do sofá, passando as pontinhas dos dedos pela cara de Leo.

Sorri levemente quando senti uma coisa suave a percorrer a minha cara e percebi que tinha sido beth quando abri os olhos.
-Ele tem um problema de coração - disse o médico - não consigo dizer porquê, mas é evidente.

Mordi o lábio ao vê-lo sorrir com a minha festinha e encostei-me ligeiramente a ele, arregalando os olhos com o que o médico disse.
- Um problema no coração? - engoli em seco e olhei Leo por segundos.- ele vai ficar bom, não vai?

Estremeci quando voltou a pôr aquela coisa por onde se ouve o coração pelo meu peito e depois me levantou o tronco sem pedir, fazendo o mesmo mas às minhas costas.
-É uma doença crónica, não tem cura. - suspirou o médico. Preferia continuar nas ruas a saber isto, mas pronto.

O meu corpo ficou estático com o que o médico disse. Abanei a cabeça e fitei o chão, tentando assimilar tudo aquilo.
- O que é que isso quer dizer? - olhei o médico de repente.- o que é que vai acontecer agora?

-Quer dizer que... - ouviu-se um suspiro - ele pode estar bem durante um tempo e voltar a ter um ataque deste género ou pior. - quando abri os olhos o médico abanava a cabeça -ele precisava de ir a um médico fazer mais exames, não estou certo a cem por cento mas é visivel que se passa algo lá.

Ouvi tudo o que o médico dizia com atenção e fui assentindo, mas quando chegou à última parte, eu apenas me limitei a suspirar. Não valia a pena, ele não ia deixar-me levá-lo ao médico. Só me faltava descobrir era porquê.
- Não há outra forma de fazer esses exames sem que seja preciso ir ao hospital? - perguntei quase que adivinhando a resposta, mas eu tinha de tentar.

-Não, lamento - disse abanando a cabeça e eu engoli em seco passando as mãos pela cara.
- Deixem-me dormir, saiam - pedi. Nunca na minha vida tinha desejado tanto estar na rua, era do modo que vivia na ignorância e não sabia que podia morrer a qualquer momento. Não é que tivesse medo.

Engoli em seco e encolhi-me sobre o meu próprio corpo, eu não queria que ele estivesse doente. Desviei o olhar de repente quando pediu para nos irmos embora e ainda abri a boca para falar, mas acabei por optar não dizer nada. Apenas me levantei e o médico seguiu-me.
- Obrigada.- agradeci baixinho enquanto lhe dava algum dinheiro e quando ele saiu, fui à procura de Max.

Passei a mão pela cabeça quando eles sairam e virei-me de lado encostando a cabeça a uma almofada do sofá enquanto tremia, não sabia se tinha frio ou se era só medo. Medo? Não, medo não era. Eu não tinha medo.
- Leo - ouvi Max a gritar da entrada.

Fui ao quarto deles, mas Max não estava lá. Passei as mãos pelo cabelo com uma cara estranha e espreitei para debaixo da cama, apesar de achar muito pouco provável que ele lá estivesse.
- Onde é que te meteste? - perguntei baixinho e arregalei os olhos quando ouvi o seu grito. Fui até à porta do quarto e espreitei lá para fora.- Max?

Levantei a cabeça para depois me sentar e quando me senti capaz de me levantar também olhei em volta indo até à porta da entrada, onde Max lá estava.
-O que é que foi? - perguntei com o corpo todo aos tremeliques. Ele sorriu como se não tivesse acontecido nada e agarrou num gato parecido a um que tinhamos tido
-Ele voltou.

Quando percebi que a voz de Max vinha da entrada, caminhei até lá, vendo que Leo também já lá estava.
- O que é que se passa? - perguntei baixinho e arregalei os olhos ao ver Max com um gatinho nas mãos.