Beth's house

Olhei para Beth quando disse aquilo, mas voltei a desviar o olhar passando as mãos pelos braços de Max que já estava mais para lá do que para cá todo vermelhinho por estar calor em casa. Olhei para o seu ombro e para a ferida e sorri levemente por estar quase tudo bem. Eu não podia morrer e deixa-lo, a ele não, apesar de tudo, ainda era muito inocente para ficar sozinho.

Estiquei-me para o comando, baixando o volume da televisão e voltei a recostar-me no sofá, puxando uma manta para me tapar. Encostei a cabeça no sofá e fechei os olhos por uns segundos.

Quando percebi que tinha adormecido levantei-me devagar e fui deita-lo na cama para que ficasse mais confortável, apesar de saber que ele gostava de dormir no meu colo, porque já estava habituado. Não fechei a porta quando fui de novo para a sala e sentei-me no sofá com o olhar no chão.
-Se me acontecer alguma coisa tomas conta dele, não tomas?

Abri os olhos quando senti movimento e vi Leo ir para o quarto com Max. Por momentos pensei que ia lá ficar, mas quando voltou para a sala, sorri ligeiramente. Cheguei-me mais para ele quando se sentou e juntei as duas sobrancelhas com a sua pergunta.
- Ei...- toquei-lhe no queixo, subindo o seu olhar para mim.- não te vai acontecer nada, está bem? - abracei-o sem pensar.- não vai acontecer nada.

Acho que pela primeira vez não me assustei quando ela me abraçou. Encostei a cabeça ao seu ombro puxando-a mais para mim e abanei a cabeça.
-Pode acontecer, por isso promete. - pedi - ele não tem mais ninguém.

Apertei o seu corpo contra o meu e cheguei-me o mais que consegui para ele. Não lhe ia acontecer nada, não ia, não podia acontecer.
- Não vai acontecer nada..- disse baixinho enquanto abanava a cabeça.- mas eu prometo, eu prometo.- sussurrei, enfiando a cara no seu pescoço.

Fechei os olhos passando as mãos pelas suas costas.
-Obrigado - murmurei quando ela prometeu - não te esqueças da asma dele - disse baixinhoo.

Fiquei apenas encostadinha a ele e fechei os olhos com um suspiro. Eu ia cuidar dele, eu jurava por todas as coisas que ele ia ficar bem, durante muito tempo.
- Eu não esqueço.- abanei a cabeça.- mas eu vou cuidar de ti, eu prometo.

Assenti com a cabeça sentindo-me ligeiramente mais reconfortado e encostei a cabeça ao seu ombro de olhos fechados.
- Não o mandes para fora de casa - murmurei -Ele não merece - disse baixinho.

Juntei as sobrancelhas com o que ele disse e abanei muito a cabeça. Eu era incapaz de fazer isso.
- Eu não mando, nunca me passaria isso pela cabeça.- disse baixinho.- mas pára de pensar nisto, eu não vou deixar que nada te aconteça.

-Não tens controlo sobre o meu corpo - disse baixinho encostado a ela. Sabia que agora não ia morrer, mas não podia prever o amanhã e tinha que me previnir, para que Max tivesse uma vida boa, pelo menos melhor do que a tem tido.

Abanei a cabeça e puxei-o para mim, fazendo-lhe festinhas no cabelo.
- Eu não deixo, eu não vou deixar.- murmurei, apesar de saber que não podia fazer nada. De qualquer das formas, eu não ia deixar que nada lhe acontecesse.

Assenti com a cabeça devagarinho. Nunca pensei que me sentisse protegido por causa de uma rapariga, mas sentia e era estranho. Afastei-me devagarinho com o olhar baixo.
-Vou ter com ele, antes que acorde - clareei a garganta.

Mordi o lábio com força quando o senti afastar-se, mas apenas deixei que o fizesse, já tinha sido bom estarmos assim. Assenti e toquei-lhe no queixo para que o levantasse. Estiquei-me para lhe dar um beijinho nos lábios e olhei os seus olhos.
- Vou estar no meu quarto, se precisares de alguma coisa.- disse baixinho.

Fiquei a olha-la quando me deu um beijo nos lábios, apesar de já termos feito aquilo antes eu ainda ficava surpreendido. Assenti um bocadinho estrapalhado e levantei-me devagar.
-Está bem - disse baixinho arrastando-me até ao quarto.

Sorri com o seu estado quando o beijei, mas apenas me levantei e segui para o quarto. Já tínhamos feito aquilo, não fazia mal. Deixei a porta entreaberta e atirei-me para cima da cama, agarrando-me a uma almofada.

-Leo - ouvi Max mal entrei no quarto e olhei-o.
-Diz - disse baixinho, mas apenas o ouvi a repetir o meu nome - Diz Max - deitei-me ao seu lado e só aí percebi que estava a faltar enquanto dormia.
-Não.. - abri muito os olhos quando o ouvi fazer uma carinha parecida àquela que fazia quando começava a chorar e abanei a cabeça.
-Max - abanei-o falando mais alto para ele acordar e quando o fez agarrou-se a mim enquanto fungava.

Estava prestes a adormecer quando ouvi Leo gritar o nome de Max. Levantei-me num impulso, meio atordoada, mas desatei a correr para fora do quarto, entrando de rompante no deles.
- Está tudo bem? - ofeguei.

Quando Beth apareceu no quarto de repente Max deu um salto ainda agarrado a mim. Estava a chorar agarrado ao meu pescoço, a molhar-me a camisola toda, por causa de um pesadelo.
-Calma - pedi-lhe afagando-lhe as costas. - Então puto? - suspirei apertando-o.

Arregalei os olhos quando vi Max a chorar e aproximei-me devagarinho deles, sentando-me na pontinha da cama.
- O que se passa? - perguntei baixinho, mais para Leo do que para Max.

Suspirei sentando-o ao meu colo e assim que ele começou a ofegar afastei-o calmamente dando-lhe a bomba que ainda só tinha sido usada naquele dia em que Beth a comprou. Abanei a cabeça para responder a Beth e Max fungou passando as mãos pelos olhos - Eu sonhei que ficava sozinho - disse voltando a agarrar-se a mim.

Fiquei apenas sentada, de coração nas mãos, enquanto Leo tratava de Max. Não valia a pena passar-me, ele sabia o que estava a fazer. Engoli em seco e quando Max finalmente falou, juntei as duas sobrancelhas.
- Isso foi só um pesadelo Max.- suspirei, gatinhando pela cama até me conseguir sentar ao lado dele.- está tudo bem.- passei-lhe uma mão pelas costas.

Vi-o fazer um beicinho para tentar impedir o choro e suspirei encostando a cabeça à dele.
-Nós estamos aqui Max, está tudo bem, deita-te - pedi ajudando-o a deitar-se. Ele olhou para Beth e respirou fundo para falar.
-Dorme connosco.

Afastei-me ligeiramente para que Max se conseguisse deitar e olhei-o quando me falou, assentindo logo ao seu pedido.
- Eu durmo.- sorri-lhe levemente e olhei para Leo, esperando que não se importasse.

Apenas lhe consegui sorrir ao de leve ao aceitou e abri a cama enfiando-me debaixo das mantas agarrado a Max.
-Então vamos deitar-nos todos - disse eu baixinho encostando a cabeça à almofada.